‘Mocambique
impressiona ministra finlandesa da justica’
numa altura em que regime moçambicano esta com saudades da astúcia da
PIDE, KGB e do STASI
Atraves uma sms do Professor Luis
de Brito, actual Director do IESE, fiquei a saber que o IESE, a mais reputada
organizaçao de investigação científica independente no país, foi notificada
pela APIE para num prazo de 15 dias abandonar o edifício onde tem os seus
escritórios e com contrato de arrendamento assinado com a SOCIMO. Na altura fiquei
sem perceber como e que o IESE poderia ter assinado um contracto de
arrendamento com uma instituição não proprietária do imóvel? O meu sexto
sentido me preparava para algo sinistro, porque a historia ‘nao batia’! Como
agiria a APIE para reaver os rendimentos ilícitos ganhos pela SOCIMO pelo
arrendamento de um edifício cujo proprietário é a APIE? Porque este acordar ‘de
repente’ da APIE? Alias ha dias, um amigo que pagava uma renda acordada ha anos
na casa dos mil dolares mes, tambem recebeu uma carta da APIE subindo-a para
seis mil dolares mes! E a esposa, com quem esta casada, ha meses que espera
pacientemente pela renovacao do visto de trabalho, ‘alegadamente’ porque tem um
cunhado na oposicao! Quando explorava
estas questões, fiquei surpreendido porque um dos membros fundadores do IESE foi
notificado para aparecer na PGR, acusado de crime contra a segurança do Estado.
Veja-se que o IESE e seus colaboradores têm contribuído para a análise da
política pública e social e da governação,com incidência nas problemáticasda
pobreza, política e planeamento público, cidadania, participação política,
governação e contexto internacional do desenvolvimento em Moçambique. Seriam
estas linhas de pesquisa razão de desconforto causado ao regime político
vigente?
E isto acontece numa semana em
que a Ministra da Justica Benvinda Levi e seus lacaios entenderam fazer uma
interpretacao rigorosa e restrita da Lei, com o objectivo claro de dificultar
os partidos da oposicao na recolha de assinaturas para o apoio as suas
candidaturas, so porque a Comissao Politica decidira que desta vez o candidato
da Frelimo deveria ser o primeiro a apresentar a sua candidatura ao Conselho
Constitucional, coisa que aparentemente ha anos nao conseguia fazer! Quer
dizer, aquilo que as quatro matronas da Frelimo (Veronica Macamo, Margarida Talapa, Carmelita
Namashulua e Esperanca Bias) vieram ao publico celebrar, nao passava afinal de contas do fruto de uma
batota! Que vergonha! Que moral transmitem aos seus netos? (Sabemos ja que de
moral os filhos nada herdaram das maes)!
Entretanto,
enquanto reflectia sobre os contorrnos da coincidência e suas implicações no
concernente aos princípios e valores das liberdades democráticas que estamos
construindo, chega-me as mãos um documento (auto 17/2014 de 21 de Marco de
2014) no qual sou convocado para responder no Tribunal Distrital de Gurué por
um assunto relacionado com as eleições Autárquicas de Novembro de 2013. Estava
assim perante mais uma coincidência com tres denominadores. O primeiro, é que
transparece haver muito trabalho jurídico a decorrer, quando faltam poucos dias
para as eleições. O segundo é que o dia 26/05/14 é a data na qual tanto eu como
o membro fundador do IESE fomos convocados para apresentar nas instituições da
justiça. Terceiro era que seis instituicoes (Ministerio a (in)justica, os
Servicos o Notariado, a APIE (em duas ocasioes), o ministerio o trabalho, a
PGR, e o Tribunal o Gurue) eram usados pelo partio no poer para molestar,
intimidar ou privar os direitos de cidadaos criticos ao Todo Poderoso! Será uma
mera coincidência ocasional de factos? Ou existirá um plano apetrechado para
asfixiar as liberdades políticas já conseguidas no país, abandonar os ganhos
conquistados nos últimos anos da consolidação da democracia e revisitar saudosamente
um moribundo regime militar, totalitário, autoritários, já desacreditado e
abandonado pela história da humanidade? Senti na altura que estamos diante de
um regime político com uma lógica de actuação semelhante a da PIDE, KGB e do
STASI.
Por isso, para os factos é importante
analisarmos, de forma comparativa, a forma de actuação de dois diferentes regimes
políticos experimentados pela humanidade: a democracia e o liberalismo, de um
lado; o militarismo, o autoritarismo e o totalitarismo, de outro lado. A
principal diferença destes regimes reside na forma como se relacionam com os
actores existentes no sistema político, sejam eles partidos políticos,
instituições públicas, privadas ou sociedade civil. Nos regimes democráticos e
liberais, a elite política aceita as liberdades individuais e respeita os
princípios e a prática do multipartidarismo, internalizando e externalizandoos valores
e comportamentos associados à responsabilização, à tolerância e ao respeito. Nos
regimes democráticos, as fronteiras entre os partidos políticos e o Estado estão
delimitadas, as instituições da justiça são equilibradas, neutras e
impermeáveis a manipulações da elite dirigente. Neles respeita-sea independência
e a liberdade de pensamento, porque estes valores são entendidos como vitalizadores nao so da economia, como da política e da
vida em sociedade.
Entretanto, nos regimes
militares, totalitários, autoritários, e ditatoriais existem líderes ditadores,
e normalmente, as leis e as constituições são suspensas ou entao so sao para
‘ingles ou doador, ver’. A elite política pouco se preocupa pela sua
legitimidade por isso, é sustentada com um batalhão de colaboradores agressivos
e violentos que se comportam como se fossem omnipotentes. A oposição política
não é vista como um subsistema vitalizador da democracia, mas sim, como o
agente do inimigo que deve ser abatida. A imprensa e manipulada e pseudo
–analistas sao contratados para intoxicar a opiniao publica como o fazem os G40
e os meus amigos Amorim Bila e Gustavo Mavie!
Moçambique é constitucionalmente
consagrado como sendo um país democrático. No entanto, o mais recente contexto
político revela existirem características similares dos regimes militares,
totalitários autoritários, o que contraria a lógica constitucional. Nos últimos
dias é visível que o país tende a adoptar as tácticas de intimidação,
repressão, perseguição, da tortura e ate de guerra (ver a situacao em
Morothone, Mocuba, Gorongosa, Maringue, Muchungue) contra os actores políticos
e académicos moçambicanos. Esta lógica de actuação que ressurge em Moçambique, foi
adoptada no passado pelos instrumentos dos regimes mais brutais do mundo como:
a Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE), a Komitet Gosudarstvennoi Bezopasnosti (KGB),
ou mesmo pela Ministerium für Staatssicherheit (STASI)
que através da imersão
em água da cabeça da pessoa interrogada, com simulação de afogamento, o
internamento perpétuo de prisioneiros sem culpa formada nem direito a
julgamento, à criação de centros de interrogatório e tortura, a construção de
campos de tortura e de morte, colocaram
a dor e a vida humana no seu limite. Os campos de reeducacao e a execucao
sumaria na ex-URSS, Vietname, Laos, Cambodje e Mocambique sao o denominador
comum!
Estes métodos utilizados no
passado por aqueles instrumentos de repressão sustentados pelos regimes
militares, totalitários autoritários continuam sendo os mesmos usados por
aqueles que prometeram e de forma programada,
torturante e selvatica mandaram matar o jovem músico moçambicano Max Love;
mandaram despejar o IESE, convidaram o seu colaborador, e muitos outros
moçambicanos que por expressarem democraticamente o seu pensamento são acusados
de cometerem crimes contra a segurança do Estado.
E como se nao bastasse aparece um
jornal que diz inter alia, (Dossiers & Factos de Segunda feira, 26 de Maio
e 2014, Edicao 80,, Ano 2, pagina 14 que ‘Mocambique impressiona ministra
finlanesa da justica! E vai mais longe ao afirmar que ... a ministra mostrou-se
impressionada com os avancos que o pais tem vindo a registar no que toca a boa
governacao e acesso a justica’!
Estaremos a falar do mesmo pais?
Quem esta a vender gato por lebre, a ministra ou o jornalista? Se nao tivesse
estado com Anna Henriksson, ministra finlandesa da justica, teria certamente
comprado gato por lebre, como muitos mocambicanos devem ter comprado!
Aqui fica o meu obrigadoa Embaixadora
da Finlandia pela oportunidade que me deu de interagir com a ministra e sua equipa,
salvando-me desta forma de cair numa falacia!
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