Mulheres:
dedico a vocês estas palavras
As
mulheres da minha vida – Silvia, Vicky, Minducha, Ines, Victoria e Lucinda
(Docinha)!
Diferentes regiões, culturas,
organizacoes e religiões dao valores direfenciados as mulheres! Umas veneram-nas,
outras objectam-nas, vilipundiam-nas e outras ainda as relegam a categorias
sub-humanas! A religião Crista, pelo menos naquela vertente a que mais estou
familiarizado, a Catolica Apostolica, dedica o mês de Maio, a Maria, a mae de
Jesus! Outras religiões dedicam outros meses e outras datas a mulher!
Nos, ca na nossa indica paragem,
dedicamos o mês de Abril, uma vez que foi a 7 de Abril que Josina Machel,
perdeu a vida, vitima de doença! Mas noutras latitudes são outros meses esao
outras mulheres!
As Nacoes Unidas, poe exemplo, dedicam
o mês de Marco as mulheres, em reconhecimento a luta das mulheres pela
igualdade de direitos! De facto foi em Nova York que centenas de mulheres
trabalhando numa fabrica têxtil exigiram seus direitos e foram “montepuezadas”,
ou seja forcam colocadas no interior da fabrica de onde nenhuma saiu com vida!
Durante o mês de Marco visitei varias
zonas periferidas do município de Quelimane e não so! Tambem escalei a Maganja
da Costa, Nante, Mocuba, Gurue, Milange, Namacurra e Nicoadala! E nessas
paragens vi e confirmei que de facto a cara da pobreza, a cara da descriminação
e a cara do trabalho árduo e da mulher! Isto quase quarenta anos depois da
nossa independencia!
Consultei os arquivos e verifiquei que
a cara da mortalidade continua a ser a mulher! De facto os números que o nosso
querido instituto de estatísticas nos da deixam-nos literalmente petrificados!
A mulher continua a morrer as catadupas, quer nos periodos pre, nos e pos
parto, quer em períodos posteriores! Os números na Zambezia e em Quelimane são ainda
mais aterradores! Para não falar da mortalidade infantil onde atingimos cifras
das mais baixas no mundo com entre 100 a 250 mortos em cada mil crianças, antes
dos 5 anos!
Mas também durante Marco, tive o raro
privilegio de visitar a Franca a convite das autoridades Francesas. Escalei Paris,
a capital mundial da cultura e da moda, Lille e Rouan (circulo eleitoral do Ministro dos Negocios
estrangeiros francês, um dos homens mais reputados no actual governo francês) e
constatei para meu gaudio, que ali, naquele pais, a mulher e o simbolo da
Republica, e a cara da beleza, da riqueza, da saúde!
E uma pergunta não deixou de me
invadir! Porque, porque, porque? Porque e que apesar da pobreza que nos assola,
continuamos a gastar o pouco dinheiro que não temos em armamentos letais?
Porque e que apesar da pobreza que nos aflige, o primeiro dinheiro que tivemos
da extracção dos recursos minerais vai para actividades bélicas, vai para matar
o nosso irmão cuja mae aturou nove meses ate que visse a luz do dia? Porque e
que não investimos esses biliões de dólares na construção de maternidades? Na
compra de carteiras e cadeiras para nossos filhos? Na compra de cadeiras de
rodas para mães deficientes?
Dizia o antigo estadista americano que
‘por cada espingarda que e comprada, por
cada barco de guerra, que e comprado, por cada bala que e disparada e menos pao
para quem tem fome’!
Sonho com o dia em que as mulheres de
Quelimane possam ser como as de Paris, de Llille ou de Rouen (tirando os casos
do Hollande e Sarkozi e claro)! Sonho com o dia em que cada tostão que
arrecadamos seja na sua totalidade investido para que as mulheres tenham um
presente e um futuro digno! Um futuro onde terão igualdades iguais perante os
homens, um futuro onde poderão concorrer para as municipais, as provinciais, e
por que não para as nacionais e poderem ter a certeza que vencerao e não serão humilhadas
nas urnas, como a corajosa mana Lulu!
Neste mês de Marco, quero dedicar este
artigo as mulheres deste planeta, deste país e do meu lindo Município. Revejo nas
mulheres um valor sagrado, sublime e a fonte primária da nossa existência. Por
isso, o valor da mulher não tem uma dimensão ou grandeza que a possa mensurar.
O amor das mulheres não tem um peso desconfortante, não tem volume e muito
menos uma pressão asfixiante. O amor da mulher mãe, esposa, companheira, colega
e colaboradora não se expressa por uma grandeza monetária, física, matemática e
nem química. O amor da mulher é genuíno, é completo, é confortante, é
aconchegante. É muito mais, que não tenho palavras para completar.
São tantos os exemplos de mulheres
lutadoras, que de forma individual e colectiva trabalham na busca de fórmulas
resolventes para edificação de uma sociedade baseada nos princípios da equidade
e da justiça social. Existem várias mulheres alistadas nos movimentos sociais e
de solidariedade, feministas e humanitários lutando contra as barreiras injustas
impostas pelos sistemas políticos e económicos. Vemos no dia-a-dia, em
diferentes cantos do mundo, nos diferentes movimentos políticos e sociais, as
mulheres lutando para reduzir as desigualdades, a exclusão e as injustiças impostas
por uma sociedade ainda ortodoxa. Em todo o mundo, assistimos, mulheres envolvidas
na busca da paz mundial e da autodeterminação dos povos, lutando contra a
violência, exigindo de forma permanente aos Estados a retirada das tropas posicionadas
para torturar e destruir de forma rancorosa e impiedosa a vida humana e a
riqueza nacional. Entretanto, em muitos cantos do mundo existe um descompasso
entre os esforços empreendidos pelas mulheres e o reconhecimento que elas
recebem no seio familiar, social e estadual.
Os dados apresentados pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) são simplesmente vergonhosos quando nos revelam que, a
nível internacional, mais de 1/3 das
mulheres são vítimas da violência física ou sexual e os esforços para fazer
parar esta brutalidade são limitados. A OMS mostra que as mulheres sofrem impiedosamente
agressões e abusos os companheiros e como consequência, vivem problemas de
saúde que incluem fracturais, contusões, complicações na gravidez, depressão e
outros males inaceitáveis. Os desequilíbrios estatísticos apresentados também
são preocupantes e devem ser corrigidos. Existem actualmente
apenas 07 mulheres ocupando funções de chefe de Estado contra 143 homens. Existem
também 11 mulheres na chefia de governos de um total de 192 homens. Para quem
lê estes números entende que vivemos um mundo ainda conservador, patriarcal no
qual estão ausentes os princípios de um estado moderno orientados pelos valores
da igualdade e liberdade entre homens e mulheres.
Porque celebramos recentemente o dia internacional da mulher, dedico esta mensagem à todas as mulher que embora contribuindo para a produção da renda nacional, não vê o seu esforço reflectido nos indicadores macroeconómicos dos seus estados. Dedico a mensagem àquela mulher que ao sair do espaço doméstico depara-se com uma sociedade patriarcal, fortemente estruturada e que dificulta a sua plena inclusão na vida política nacional. Esta mensagem é dedicada à mulher Quelimanense, a mulher Zambeziana, a mulher Mocambicana que ao raiar do sol madrugador não se poupa ao sacrifício de abandonar o repouso e avançar para os campos de Musselo, Impurrune, Mádjegua, Gogone, Chuabo-Dembe na busca de proteínas e calorias para manter existencialmente a sua família. Dedico este artigo àquela mulher que com um pano estampado de um galo vespertino coloca as costas cada um de nós, homens e mulheres, crianças, jovens e adultos, e nos mostra o caminho da luz, da esperança e de um futuro risonho. Dedico o artigo a mulher camponesa, enfermeira que cura, acalma e salva vidas humanas, a mulher professora, que educa, forma e constrói os operários e trabalhadores que põem as máquinas das indústrias a funcionarem. Dedico o meu trabalho a mulher varredora da Emusa, a mulher continua, a mulher vereadora, a mulher directora, a mulher membro da Assembleia municipal, a mulher secretaria, a mulher assessora, a mulher administradora, à mulher delegada, a mulher deputada, a mulher governadora, a mulher herói (Celina Simango e Josina Machel), a mulher ministra e a mulher candidata a seja o que for! E porque não dedico este artigo a próxima mulher presidente do município, da assembleia municipal, Presidente da Republica! Como disse a mama Pachinuapa, ‘Este pais esta em condições de ter uma Presidente mulher” sim!.
Valorizemos
todos, a mulher produtora e provedora dos nutrientes familiares recheados de
calorias e proteínas e que garantem a nossa existência. Reconhecendo a importância
de edificarmos uma sociedade justa e equilibrada, dedico o artigo as mulheres de
todo o planeta. É dentro das famílias, das comunidades e das instituições do
Estado, das instituições nacionais e internacionais onde deveremos criar
condições favoráveis para melhoria do ambiente e do tratamento que as nossas
mães, irmãs, esposas, companheiras e colegas merecem de cada um de nós
comprometidos com os princípios da equidade de género.
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